sexta-feira, 30 de setembro de 2011

  PM do Rio tem novo Comandante Geralm.

Após o escândalo da denúncia e suspeita de envolvimento de um tenente coronel PM com a morte da juíza Patrícia Acioli, os olhos do Brasil se voltaram à instituição policial militar que está desenvolvendo o projeto que promete ser o redentor das mazelas de segurança pública no estado, as UPP’s. A suspeita acabou gerando uma crise na Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro (PMERJ), que incidiu diretamente no comandante geral da instituição, responsável por nomear os comandantes de unidades (o referido tenente coronel era comandante do batalhão da Maré.
Mesmo que “o secretário de segurança, José Mariano Beltrame, afirmou que, apesar das investigações sobre a cúpula da Polícia Militar, o comandante-geral da corporação, coronel Mário Sérgio Duarte, ainda goza de sua “plena confiança”. O Coronel Mário Sérgio, entretanto, acabou pedindo exoneração logo após o ocorrido, através de uma carta onde explica os motivos de sua “desistência”:

“Exmo Sr secretário de estado de Segurança José Mariano Benincá Beltrame
Dirijo-me à V. Exa para solicitar exoneração do cargo de comandante-geral da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro.
O motivo de fazê-lo se fundamenta na necessidade de não deixar nenhum espaço para dúvidas quanto à minha responsabilidade no processo de escolha dos comandantes, chefes e diretores da Corporação, preservando, de quaisquer acusações injustas, as pessoas que me confiaram a nobre missão que assumi comprometido com a honra, e agora deixo, norteando tal decisão neste mesmo imperativo de valor.
Sobre o caso particular que me impõe esta decisão, o indiciamento do tenente-coronel Cláudio Luiz Silva de Oliveira no homicídio da juíza Patrícia Acyoli, e sua consequente prisão temporária, devo esclarecer à população do Estado do Rio de Janeiro que a escolha do seu nome, como o de cada um que comanda unidades da PM, não pode ser atribuída a nenhuma pessoa a não ser a mim.
O Rio de Janeiro, senhor secretário, está em franco processo de recuperação de sua imagem como lugar de tranquilidade pública e paz social não por acaso, mas seguramente pela aplicação de um conjunto de ações norteadas pela clareza das ideias.
O estado, sua população, cada pessoa que por aqui transita em busca de paz e bem devem continuar confiando nesta política pública que privilegia a vida, descontrói o ódio e reacende esperanças.
Ao tempo que vos agradeço pela confiança depositada e o apoio nos momentos mais difíceis, solicito-vos que encaminhe este pedido ao Exmo Sr governador, a quem também explicito meus eternos agradecimentos pela oportunidade e a honra que me concedeu ao nomear-me comandante de minha amada instituição.
Deixo de fazê-lo pessoalmente por me encontrar hospitalizado, convalescendo de uma cirurgia.”
O ato do Coronel Mário Sérgio foi explicado por ele mesmo em entrevista:
Não há nenhuma outra alternativa do que assumir a minha responsabilidade pela escolha do comandante. Esse é um ato moral que me cabe, o papel do funcionário público. Essa é minha forma de dizer que minha proposta de ter uma PM com respeito ao cidadão deve envolver todos os escalões: o soldado que está na ponta e também os altos escalões, como a minha pessoa. Por isso, solicitei minha exoneração. Não gostaria de fazer isso, neste momento em que estou acamado e não posso vir a público, mas é meu dever moral – afirmou o coronel.
Este é um momento delicado de se entender. Mudanças nas cúpulas das polícias, que envolvem desde aspectos vinculados à probidade até elementos políticos e técnicos, geralmente não são entendidas nem sequer por aqueles que estão próximos ao poder. Boicotes, denúncias, alegações, mentiras etc. Tudo vale quando o poder está em jogo.
***
Quem assume no lugar do Coronel Mário Sérgio é o Coronel Erir Ribeiro da Costa Silva, que “chegou a ser exonerado em 2003, após acusar o deputado estadual Chiquinho da Mangueira (PMDB) de pedir uma trégua no combate ao tráfico de drogas na comunidade. Após quatro anos em funções administrativas, ele assumiu, em 2007, o comando do Batalhão de Choque. Em julho de 2009, passou para o 2º Comando de Policiamento de Área, na Zona Oeste”.
Desejamos boa sorte ao novo Comandante e sua equipe, que assume o desafio de estar à frente da instituição mais exposta do país, cheia de peculiaridades e envolvida em um contexto que lhe concede o título de PM com a maior complexidade do Brasil. Difícil missão.

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