Quem está acompanhando a crise no âmbito da Polícia Civil do Rio de Janeiro precisa estar atento ao que vem sendo divulgado, pois ela é mais ampla do que muitos tem interesse em mostrar. Para iniciar o leitor numa leitura crítica do que está ocorrendo, trago algumas citações do que vem sendo publicado (desde quando ocorrera a “pacificação” do Alemão). Aqui copiarei autores e jornalistas de vários segmentos ideológicos, mas que estão tendo certa lucidez na leitura do problema. Vejam:

1. o tweet que Marcos Rolim publicou à época da chamada ocupação do Alemão, em novembro:
2. Fragmento do texto que Luiz Eduardo Soares publicou em seu blog, e neste espaço, também em novembro, questionando o posicionamento da mídia frente à ocupação no Alemão:
“Discutindo a crise, a mídia reproduz o mito da polaridade polícia versus tráfico, perdendo o foco, ignorando o decisivo: como, quem, em que termos e por que meios se fará a reforma radical das polícias, no Rio, para que estas deixem de ser incubadoras de milícias, máfias, tráfico de armas e drogas, crime violento, brutalidade, corrupção? Como se refundarão as instituições policiais para que os bons profissionais sejam, afinal, valorizados e qualificados? Como serão transformadas as polícias, para que deixem de ser reativas, ingovernáveis, ineficientes na prevenção e na investigação?”
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3. Trecho de matéria do site “Justiça Global”, lembrando que à época da invasão no Alemão, moradores e ONG’s tinham denunciado a corrupção de policiais:
Durante visitas às favelas da região, tivemos contato com diversos moradores que tiveram suas casas reviradas e saqueadas. A confirmação dessas denúncias reforça ainda as suspeitas, levantadas também por moradores e organizações de direitos humanos, de que o número de mortos nessa operação foi maior do que aquele oficialmente divulgado.
A ação da PF demonstrou que, assim como no governo anterior, a corrupção continua incrustada na cúpula da polícia fluminense. Essa investigação puxou uma das linhas de um novelo que vai dar no conluio das milícias e seu poder econômico com a máquina do Estado. O fato de mais um policial do alto escalão da Polícia Civil ter sido preso por uma operação da PF – há menos de três anos, outra operação levou o ex-chefe e ex-deputado federal Álvaro Lins para a cadeia – reforça o que as organizações afirmaram em dezembro: “as forças policiais exercem um papel central nas engrenagens do crime. Qualquer análise feita por caminhos fáceis e simplificadores é, portanto, irresponsável.”
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4. Trechos de publicações do Jornalista Reinaldo Azevedo sobre a relação entre o delegado chefe exonerado, Allan Turnowski, o Secretário Beltrame, o Governador Sérgio Cabral e a mídia:
“Vi muitas vezes o delegado Allan Turnowski posando ao lado dos ‘heróis’ da ocupação do Complexo do Alemão, e aquilo provocava, assim, meu ceticismo. E, reitero, eu não era o único que tinha motivos para ser cético. Por que os outros não foram? EU entendo: há aquela sede de “resolver o problema”, que alguns pretendem chamar de “pragmatismo”. Lamento! Não é pragmático escolher o erro para se chegar ao acerto.”
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A demissão do delegado Allan Turnowsky é um passo importante, sim, para que a Polícia do Rio enfrente seus fantasmas. Mas ela não pode servir para mascar outros problemas. A questão é política. Digam-me: o que o delegado Carlos de Oliveira fazia na tal subsecretaria de segurança da PREFEITURA do Rio. O prefeito é Eduardo Paes, mas o delegado estava lá por vontade de Sérgio Cabral e com a bênção de Turnowski. Isso não elide a responsabilidade de Paes, que foi quem nomeou. Por alguma razão, Oliveira era considerado “importante” no esquema de Cabral.
É isto que falta agora: fazer as conexões de natureza POLÍTICA entre a banda podre da polícia e o poder. Será que Beltrame, subordinado do governador, consegue? Se a investigação não pudesse avançar na esfera estadual, restaria a federal. O limite, nesse caso, seria a necessidade de “subir” demais na hierarquia para resolver o problema.
ANOTEM – Turnowski sempre foi um homem de Sérgio Cabral na Polícia, não de Beltrame. E o mesmo se diga de Carlos de Oliveira, o delegado preso. A imprensa pode ficar no meio do caminho ou percorrer o caminho inteiro.”
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Essa fachada moderna tem servido para esconder um Cabral de verdade, cujo governo — e isso não e novidade no Rio — estava perigosamente próximo do que a polícia pode oferecer de pior. Ora, seria cômico se não fosse trágico o fato de que a máfia incrustada na Polícia viveu o seu momento de glória justamente na ocupação do Complexo do Alemão, saudada por amplos setores da imprensa como um momento de ‘libertação”.