sexta-feira, 25 de março de 2011

Calabar: tráfico alerta moradores depois de anúncio de instalação de UPP

Os criminosos que atuam na área já mandaram o aviso: “‘Vão devagar!’ Foi esse o recado que recebemos. Eles estão com medo da megaoperação que vai ser feita aqui nos próximos dias”, contou um morador do Calabar, que pediu para não ser identificado.

O direito de ir e vir com segurança pelas ruas do bairro é definido como um “sonho” por moradores que, no centro da rivalidade entre traficantes, aguardam com otimismo e preocupação a implantação da primeira Base Comunitária de Segurança, a versão baiana da UPP.


Anúncio de instalação da UPP baiana, no Calabar, leva traficantes a ameaçar moradores
No Calabar, os moradores vão acompanhar o início das mudanças no policiamento a partir da próxima semana. A ocupação permanente começará, segundo a Secretaria da Segurança Pública (SSP), com a identificação e prisão de criminosos e a aplicação do policiamento comunitário, 24 horas por dia. A ação será estendida até a implantação da Base Comunitária, prevista para o final de abril, nas instalações do Centro Comunitário do Calabar.

Para a ocupação permanente do local, 150 policiais militares tiveram treinamento financiado pelo Ministério da Justiça, através do método Koban, usado pelos japoneses e que tem como característica a parceria da polícia com a população.

MEDOQuando caminhava pela avenida Maria Pinho, ontem de manhã, um morador do bairro, que pediu anonimato, contou que vinha naquele momento pensando no assunto. “Nós perdemos nossos direitos. Não podemos expressar momentos de felicidade porque pode ocorrer um tiroteio a qualquer momento”, reclamou.  “Essa medida vai resgatar a moral e a cidadania da nossa gente. É nosso sonho e nossa esperança”.

A disputa do tráfico chegou a dividir o bairro entre as localidades de Camarão e Bomba. O morador fala que já pensou em ter uma “conversa” com os traficantes. “Já pensei em chamar e  dizer: ‘Vendam suas porras, mas acabem com a matança de pessoas inocentes’. A rixa entre as gangues só nos prejudica, a ponto de um não poder passar pela rua do outro”, ressalta. Ele afirma que a comunidade está perdendo os jovens para o tráfico.

“É a porta de entrada. O menino começa como laranja, vira gerente e depois se torna um grande traficante. Os jovens estão sendo perdidos”, lamenta.
Um comerciante da região completou: “Tenho amigos que não colocam os pés aqui. A melhor coisa que existe no momento é a implantação da Base Comunitária. Se funcionar como eles planejam vai ser bom para todos”, acredita.

No entanto, uma moradora manifesta preocupação quanto à implantação. “Não sabemos como será o trabalho. Além disso, outros pontos da cidade são muito mais perigosos. Há um temor com relação à atuação da polícia”, conta, reforçando, porém, que a comunidade apoia a iniciativa. “Estão todos dispostos a colaborar. Só questionamos a falta de esclarecimento”, sinaliza.

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